SÍNDROME INTESTINO IRRITÁVEL: SAIBA O QUE DEVE COMER

O Síndrome do Intestino Irritável é uma patologia que se caracteriza por apresentar sintomatologias como dor abdominal forte e trânsito intestinal irregular. As causas desta doença não estão identificadas na sua totalidade, descritas como multifatoriais, podem ter origem psicológica: ansiedade, stress, traumas na infância; ou estar conectadas à saúde do microbioma instestinal.

Relativamente às alterações da microflora podem dever-se ao excesso de proliferação bacteriana (SIBO), infeções bacterianas no trato digestivo ou intolerâncias, ou sensibilidade a alguns alimentos.

O diagnóstico deve ser sempre feito por um profissional de saúde, preferencialmente médico e não através da análise individual de sintomatologias. Existem diferentes tipos de SII:

SII – C – principal sintomatologia é a obstipação

SII – D – principal sintomatologia é a diarreia

SII -M – alternação das duas sintomatologias supreareferidas

SII- Sem classificação ou U – do inglês “ unknow” – em que os pacientes têm alguma sintomatologia mas não se encaixa nas classificações anteriores.

É importante compreender o tipo de classificação para atuar na tomada de decisão nutricional e ajustar ao paciente, e em cada paciente à fase em que se encontra a cada momento.

Uma alimentação 100% plant-based é perfeitamente saudável e consegue cumprir todas as necessidades nutricionais neste tipo de patologia, com benefícios anti-inflamatórios. Um intestino saudável permite uma melhor absorção nutricional, tantas vezes comprometida em fases de sintomatologia agravada. É importante o paciente estar informado e ser acompanhado por um profissional com a formação certa.

Ficam algumas dicas, que não descartam o acompanhamento profissional de um nutricionista qualificado, cada caso é um caso, é importante ter esta premissa presente.

1. Reduzir a ingestão de gorduras saturadas processadas: batatas fritas, bolachas com gordura trans, fritar gorduras polinsaturadas saudáveis como azeite, óleo de linhaça.

2. Aumentar o consumo de fibra solúvel: linhaça em sementes moídas ou óleo (também ricas em ómega-3 anti-inflamatório), sementes de chia, flocos de aveia, psylium.

Isto nem sempre funciona para alguns dos pacientes, pode pontualmente agudizar sintomatologia, e deve ser sempre revisto com um profissional de saúde.

3. Enzimas digestivas que ajudem no processo de digestão. Por exemplo? As proteínas em pó que são muitas vezes consumidas após os treinos têm quase sempre edulcorantes como aspartame, acessulfame-K, sucralose, entre outros. As proteínas vegetais também têm, mas existem opções sem edulcorantes e com enzimas digestivas. Não sabe quais? Consulte o seu nutricionista!

4. Os probióticos são uma ajuda primordial em situações de crise e de prevenção, no entanto, a toma livre destes produtos é muitas das vezes inadequada. As estirpes de probióticos devem ser direcionadas à sintomatologia atual do paciente. Os probióticos com estirpes conjugadas nem sempre são a solução ideal, tal como os multivitamínicos, podem ser ineficientes. Não sabe qual o mais apropriado para si? Fale com o seu nutricionista.

A eliminação da lactose, do glúten, da frutose, do consumo de álcool com reintrodução orientada ou uma dieta FODMAP’s podem ajudar também, e deve ser sempre guiada por um profissional de saúde acreditado. São testes eliminatórios que permitem a melhoria dos sintomas.

Em que consiste a Dieta FODMAP’s?

A eliminação da lactose, do glúten, da frutose, do álcool e uma dieta FODMAP’s pode ajudar também o paciente a melhorar sintomatologia, e deve ser sempre guiada por um profissional de saúde acreditado.

A dieta FODMAP ensina o paciente a suspender o consumo de alimentos que contêm excesso de frutose, frutanos, galactanas, polióis e lactose. Estes hidratos de carbono podem ser encontrados nos seguintes alimentos:

Excesso de frutose:

• Frutas: Maçã, pêra, manga, melancia, cerejas, figos, frutas em conserva como o pêssego e o ananás de lata, sumos de fruta naturais de pacote ou concentrados;

• Legumes: espargos, alcachofra, ervilha-torta;

• Adoçantes: mel, xarope de milho, geleia de arroz, marmelada, ácer, xarope de tâmara frutose, agave, e.o.

Frutanos:

Legumes: alho, cebola, espargos, alcachofra, brócolos, couve de bruxelas, repolho, alho-francês;

Cereais: trigo, centeio, cevada;

Frutos oleaginosos: pistacho, caju.

Galactanos:

Leguminosas: feijão, grão-de-bico, lentilhas, ervilhas e feijão-de-soja

Polióis:

Frutas: maçã, damasco, pera, nectarina, pêssego, ameixa, melancia, amora, abacate, cereja;

Legumes: couve-flor, cogumelos, ervilhas;

Edulcorantes: sorbitol, manitol, xilitol, maltitol, isomalte (encontrados em iogurtes mesmo que vegetais, bolachas, doces, e.o).

Lactose:

Todos os produtos lácteos mas também bolachas, cremes de barrar conjugados, e produtos mais processados.

Este são apenas alguns exemplos, existem listas mais complexas e criadas para cada paciente que devem ser ajustadas ao longo do processo de acompanhamento.

Conclusão:

Os pacientes com SII são pacientes muitas das vezes subnutridos devido à restrição alimentar auto imposta com o objetivo de se sentirem mais confortáveis eliminando a sintomatologia. Como tal, o acompanhamento e o direcionar para uma dieta de eliminação de fontes alimentares específicas deve ser devidamente guiado, em prol da saúde do paciente.

Algo que os pacientes com esta patologia podem fazer é seguir as guidelines gerais sugeridas, eliminar fontes inflamatórias e alimentos mais processados e privilegiar uma alimentação vegetal. Para as escolhas vegetais apropriadas e seguindo uma possível implementação da dieta FODMAP’s procurar sempre um profissional que ajude ao longo do processo, visto que o tempo de implementação deverá ser curto (2-6 semanas).

Raquel de Morais Carvalho Neto

Nutricionista Holmes Place Cascais

Referências bibliográficas: