MODALISBOA BASE, de 1 a 5 de outubro 2025
O que acontece quando nos detemos naquilo que sustenta, em vez daquilo que se exibe? Que camadas simbólicas, materiais e económicas habitam as fundações de um sistema criativo? E que possibilidades se abrem quando deixamos de olhar a Moda apenas como forma e passamos a entendê-la como campo expandido de produção de conhecimento, de memória e de futuro?
A MODALISBOA BASE emerge desse lugar de questionamento e deslocamento de foco. Parte da urgência de repensar a criação não como expressão isolada, mas como prática sustentada por infraestruturas humanas, tecnológicas, territoriais, emocionais. Não se trata apenas de reconhecer o que está na base, mas de reconhecer a base como lugar de poder e de permanência. Uma base que é tempo acumulado, saber transmitido, matéria disponível, e também resistência à obsolescência que tanto marca os circuitos contemporâneos da visibilidade. A base, enquanto estrutura invisível, é o que separa o equilíbrio do colapso: o que confere estabilidade a um sistema que, sem sustentação, rapidamente se desequilibra. E em Moda, pensar a base é defender a possibilidade de continuidade.
Em coorganização com a Câmara Municipal de Lisboa, a 65ª Lisboa Fashion Week propõe a ativação desse pensamento expandido. Convoca os seus múltiplos agentes — Designers, artistas, empresários, técnicos, associações, comunidades, indústria, instituições de ensino — a imaginar a Moda como um ecossistema vivo, onde o fazer se cruza com o saber, e onde a ação criativa se prolonga em sistemas de relação, experimentação e escuta. Uma Moda que não se mede apenas pela sua imagem, mas pela complexidade ética, política e cultural da sua existência.
É neste enquadramento que, entre 1 e 5 de outubro, com epicentro no Pátio da Galé e programação em vários pontos da cidade — como o MUDE – Museu do Design, Palacete Gomes Freire, Moldo Studios, Avenida da Liberdade e Praça do Comércio — a ModaLisboa propõe uma semana de pensamento e criação, exposição e ação: sobre a materialização da Moda de Autor, sim, mas também sobre novos caminhos para modelos de negócio independentes, construção de marcas capazes de penetrar mercados competitivos e coesão estratégica de um setor fértil em oportunidades.
Para isso, a MODALISBOA BASE apresenta um programa plural de desfiles, conferências, exposições, workshops, showcases e diversos eventos paralelos, que mobiliza a capital através das habituais Apresentações de Moda, FAST TALKS, e momentos dedicados à sustentabilidade (como Portuguese Soul, MODAPORTUGAL ou beat by be@t, promovidos em estreita colaboração com parceiros e associações setoriais como APICCAPS, CENIT/ANIVEC e BCSDe CITEVE). Mas a 65ª Lisboa Fashion Week é também uma base para estreias: a FASHION HOUSE, um novo espaço multidisciplinar de entrada livre (e alguns momentos reservados a convidados), com programação própria, pop-up store, showcases de tecnologia e herança cultural e um lounge & meeting point, concebido para reforçar a proximidade entre o território e o ecossistema de Moda; e ModaLisboa na Avenida, uma parceria com a Associação da Avenida da Liberdade que estende a Semana de Moda para esta artéria com workshops, cocktails e diversas intervenções culturais, com uma programação a divulgar em breve. Com o apoio do programa Portugal Events, do Turismo de Portugal, a Lisboa Fashion Week expande a sua ação estratégica com mais oferta de entrada livre, presença geográfica e a mediação de uma cidade que é a base da internacionalização do trabalho autoral.
Com uma campanha de comunicação desenvolvida pela Havas Lisboa e produzida pela Casper Films (cujo filme foi lançado hoje, aqui), BASE torna-se, assim, um exercício de construção crítica: sobre o que criamos, como criamos, com quem criamos, e a que custo. E, ao mesmo tempo, um exercício de projeção. Porque pensar a base é também pensar o que cresce a partir dela, as novas linguagens, os espaços de partilha, os modos de fazer cidade, os futuros possíveis.
